segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Treinando o cérebro:Em voga há pelo menos duas décadas, os conhecimentos sobre neurociência começam a chegar apenas agora em cursos destinados aos professores brasileiros

Desde a década do cérebro, nos anos 90, a jovem neurociência tem conquistado mentes - e corações. A partir da tecnologia da neuro- imagem, crucial para a investigação das bases neurais do comportamento humano, o mapeamento das funções cerebrais tem influenciado diversas áreas do conhecimento. Na pedagogia, virou praticamente uma febre. Não é para menos: diversos transtornos de aprendizagem ficaram mais claros - assim como as estratégias para superá-los. 
"Todas as pessoas envolvidas na educação de crianças e adultos deveriam conhecer as etapas do desenvolvimento cerebral para ter condições de estimular seus alunos a desenvolver suas potencialidades ao máximo", defende Denise Pirillo Nicida, fisioterapeuta e professora de graduação e pós-graduação no Senac-SP,  que fez o curso do IPN.
Ao contrário do que se pensa, o cérebro não funciona para favorecer o pensamento, mas de modo a evitar sempre que possível esse esforço. Na verdade, o cérebro não é muito bom em pensar - o processo é demorado, cansativo e pode não dar em nada.
O cérebro se presta a diversos propósitos. Em comparação com as capacidades de ver e se movimentar, pensar é muito desgastante. Por isso, requer motivação e compensação. Sabe-se hoje que um problema escolar precisa ser desafiador para despertar o interesse, para que os alunos se sintam motivados a buscar o prazer (este, sim, existe) de resolver e/ou compreender.
"Princípios neuropsicológicos básicos podem ser muito valiosos para professores dispostos a adequar seus processos de ensino às necessidades do aluno", afirma o neuropsicólogo norte-americano Steven Feifer, professor da Universidade George Washington (EUA), que esteve recentemente no Brasil para uma palestra sobre acompanhamento de alunos com dificuldades de leitura, escrita e matemática, promovida pelo Instituto ABCD.
Questões relacionadas a dificuldades de aprendizagem ou deficiências costumam ser a porta de entrada para muitos professores que buscam na neurociência  respostas para suas práticas profissionais.

Neurociência aplicada

Implantado na rede municipal de educação de Juiz de Fora (MG) em 2008, o projeto Escrita para todos levou a escolas públicas de ensino fundamental estratégias pedagógicas baseadas na neurociência para combater déficits de alfabetização, leitura e escrita. Cerca de sete mil alunos foram beneficiados diretamente até 2012, quando o projeto seguiu para outros municípios mineiros.
Os conhecimentos de neurociência são aplicados também na capacitação continuada dos professores envolvidos - ou seja, com base no que se sabe hoje sobre o funcionamento do cérebro adulto.
PARA SABER MAIS
Curso de extensão da UFMG:
www.icb.ufmg.br/neuroeduca
Curso de extensão da PUC-SP: http://migre.me/gUgqi
Pós-graduação em neuroeducação:
www.neuroeducacao.com.br
Instituto de Pesquisas
em Tecnologia e Inovação:
http://www.ipti.org.br

Reportagem Completa na Revista Educação

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