segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Abasteça sua casa com vento

Cartilha recém-lançada estimula uso de microgerador de energia eólica em empresas e residências e esclarece dúvidas sobre essa fonte energética.


Quem pensa em utilizar novas fontes de energia e, de quebra, economizar na conta de luz não deve deixar de conhecer a cartilha Como faço para ter energia eólica em minha casa, lançada durante o 3º Encontro de Negócios da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), no último dia 2 de dezembro, em São Paulo.
“Em longo prazo você pode reduzir sua conta de luz”, diz a autora da cartilha, Paula Scheidt, mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade pela Universidade Federal de Santa Catarina e gerente de projetos do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal), de Florianópolis.
Inédito, o guia preparado pelo Instituto Ideal contém informações sobre os tipos de microgeradores eólicos e traz um passo a passo com os procedimentos para a conexão à rede elétrica de equipamentos instalados em prédios residenciais ou comerciais.
Por meio de linguagem simples e ilustrações didáticas, o material pretende informar o consumidor e incentivar o uso de energia eólica. Além disso, tira dúvidas sobre osistema de compensação de energia, em vigor desde o lançamento, em 2012, da resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que disponibilizou a cartilha em sua página inicial na internet.
O sistema de compensação de energia é, segundo Scheidt, fator relevante na disseminação de meios alternativos de energia. “O que temos observado desde a publicação da resolução da Aneel é que quanto maior o conhecimento das pessoas sobre o tema, maior o interesse em adquirir um microgerador de energia renovável.”
Em síntese, o valor da conta deluz a pagar é calculado pela diferença entre a energia consumida da distribuidora e a produzida pelo microgerador do próprio consumidor. Se o sistema for dimensionado para atender todo o consumo energético da residência, o que normalmente se paga é apenas o custo de disponibilidade da rede elétrica.
Isso porque quem dispõe de um microgerador de energia alternativa em casa pode injetar na rede pública a energia produzida e não utilizada, pela qual a distribuidora fornece uma compensação em quilowatt-hora (kWh). Assim, depois de recuperar o investimento feito na aquisição do equipamento, o consumidor terá, em longo prazo, mais dinheiro no bolso.
Scheidt acredita que a cartilha é uma ferramenta importante para popularizar a energia eólica. Ela conta que o Ideal já trabalha com energia fotovoltaica – atualmente o tipo de energia alternativa mais usado em residências com microgeradores e o que mais tem crescido no país – e agora quer ajudar os consumidores que desejam investir em um sistema eólico a escolher a melhor opção para sua demanda energética. 

Pequenos geradores

Há quatro tipos principais de microgeradores eólicos: Savonius, Darrieus, H-Darrieus e o de rotor horizontal, cada um com potência, aparência e particularidades diferentes. Este último pode ser mais ruidoso, se não tiver um sistema de controle das pás ou eixo interno, e é sensível a ventos turbulentos. Por outro lado, é o que opera com maior eficiência quando em condições de vento sem muitas mudanças de direção.
Por isso, a escolha do equipamento mais adequado deve ser precedida de alguns cuidados, pois a eficiência na produção de energia depende de fatores como análise do terreno, cálculo do consumo de energia da residência ou empresa e, principalmente, medição de ventos. O local onde ele será instalado também deve ser levado em conta.
Ainda é difícil estimar o custo de compra e instalação de um microgerador eólico. Scheidt explica que há poucos sistemas conectados à rede elétrica e que o consumidor deve procurar uma empresa especializada para fazer uma análise da demanda energética e indicar o equipamento adequado.
Poucas empresas oferecem serviço de instalação desse tipo de energia renovável. Mas, como as empresas que trabalham com sistemas fotovoltaicos também instalam microgeradores eólicos, Scheidt sugere que os interessados procurem no mapa doProjeto América do Sol quem ofereça também esse serviço.

Parques eólicos

Mesmo com 167 usinas eólicas presentes em todo o território nacional, as hidrelétricas ainda são, de longe, as principais responsáveis pela produção de energia no Brasil. Elas somam pelo menos 80% do total da energia consumida no país, enquanto a energia eólica – apesar do seu crescimento nos últimos anos – representa apenas 3% desse consumo. Hoje, os principais estados brasileiros produtores de energia com base nos ventos são Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.

Carol Socodolski
Especial para a CH On-line/ PR
Fonte: Revista Ciência Hoje

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