domingo, 21 de setembro de 2014

Implantes para enxergar, ouvir, andar e lembrar Milhares de pessoas já receberam "chips cerebrais" para recuperar a audição e os movimentos



Quando José Delgado e alguns outros cientistas começaram a explorar os efeitos do implante de eletrodos no cérebro, há mais de meio século, não imaginavam quantos poderiam se beneficiar um dia dessa linha de pesquisa. A mais bem-sucedida forma de implante, ou “prótese neural”, é hoje a cóclea artificial. Milhares de pessoas já receberam esse dispositivo, que no mínimo recupera rudimentos de audição ao levar sinais captados por um microfone externo para o nervo auditivo. Estimuladores cerebrais já foram implantados em mais de 30 mil pessoas que sofrem de Parkinson ou de outros transtornos do movimento. Outros tantos pacientes com epilepsia estão sendo tratados com aparelhos que estimulam o nervo vago, no pescoço.


Kari Weiner ficou sete anos confinada a uma cadeira de rodas devido à distonia, problema que causa espasmos musculares incontroláveis. Hoje ela anda sem ajuda graças a eletrodos implantados em seu cérebro quando ela tinha 13 anos – e a cirurgias que consertaram seus músculos retorcidos e alongaram seus tendões


Estudos com outras próteses avançam de forma mais lenta. Estão em andamento ensaios clínicos para testar a estimulação do cérebro e do nervo vago no tratamento de problemas como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, ataques de pânico e dor crônica. Retinas artificiais – chips sensíveis à luz – que imitam a capacidade de processamento de sinais do olho e estimulam o nervo óptico ou o córtex visual estão em teste.


Vários estudos vêm demonstrando que os macacos são capazes de controlar computadores e braços robóticos, não por telecinese, mas através de eletrodos implantados que captam os sinais neurais. Embora os experimentos ainda sejam controversos e limitados, como os realizados pelo brasileiro Miguel Nicolelis, esse potencial não pode ser desprezado. Também existe a possibilidade de que, um dia, os chips contribuam para a recuperação da memória de pacientes de Alzheimer ou de outras doenças.

Fonte: Mente & Cérebro

Nenhum comentário: